Industrialização Mental
Há algum tempo, ao tentar consolar um de meus amigos por uma questão de resultados ruins na escola, comecei a refletir sobre se o que eu estava fazendo era realmente necessário, afinal, o que consegue fazer com que um aluno que tenha mais facilidade na absorção de conteúdos diversos seja considerado melhor do que outro que tem dificuldades em algumas das matérias? Exatamente. Nada!
A avaliação intelectual do aluno feita por meio de provas, testes, simulados, vestibulares, ao meu ponto de vista, é superficial e, além de desmotivar muitos alunos com capacidade intelectual e aptidão enorme para determinadas áreas, que talvez não tenham sua devida importância dada pela grade curricular imposta às escolas, simplesmente pelo fato destes não conseguirem obter resultados tão bons quanto os das matérias dominadas por eles, e consequentemente, a cobrança dos pais passa a ser tão grande, que o aluno se sente sob pressão e
passa a ter um inimigo: o nervosismo. Muitas vezes, o nervosismo faz com que, mesmo com certo conhecimento, o aluno se distraia e seu resultado saia abaixo do imposto pela escola e pelos pais.
Além do problema que temos no método de avaliação dos alunos, temos também o de aplicação dos conteúdos pelas escolas. Como citado no parágrafo acima, algumas matérias, não são tão valorizadas quanto as determinadas “mais importantes”, e além de desvalorizadas, têm grande quantidade de conteúdo omitido na grade curricular. Isso é visivelmente perceptível quando, por exemplo, ao estudar história na escola, aprendemos a maioria das revoluções ocorridas na Europa, mas revoluções como a cubana e venezuelana, por exemplo, não são estudadas.
As escolas mantêm seus modelos os mesmos, todos os alunos sentados, enfileirados, chamados por seus respectivos números (qualquer semelhança ao proletariado é mera coincidência), gosto de
chamar isso de desumanização, o processo que começa desde a infância, onde as ideias começam a ser formadas, e vai até a educação superior. Esse processo, em sua maioria esmagadora, tenta a todo custo impedir as pessoas de raciocinarem por elas mesmas, e faz com estas se tornem alienadas pelo sistema, que cria e regra o currículo escolar.
Se o ser humano realmente busca a evolução, deve haver uma mudança brusca em relação à educação, ou seja, uma ruptura nos conceitos impostos para os alunos pela escola, pois se isso não acontecer, ideias novas não conseguirão ser formadas, pois se os conceitos forem vistos e interpretados de uma mesma maneira, torna-se impossível a implantação do novo e a saída, por parte do aluno, da comodidade oferecida pelo sistema ao aplicar ao estudante o conteúdo de sua própria maneira, restrito aos interesses e às imposições das escolas.